Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
A discussão de um plano de investimentos em esportes olímpicos para 2016 pode
se tornar uma oportunidade única para que a CBF dê uma solução para as dívidas
dos clubes de futebol do país. Enquanto o governo estuda aumentar o apoio a
atletas para os Jogos do Rio, a confederação quer oferecer apoio a modalidades
olímpicas. Como contrapartida, pedirá um abatimento no valor dos débitos das
agremiações associadas com a Receita Federal e o INSS.
O mecanismo de investimento em troca de desconto em dívidas está na minuta de
um projeto de lei que a confederação vem elaborando junto com o deputado federal
Vicente Cândido (PT-SP) e representantes do Ministério do Esporte. Segundo o
próprio presidente da CBF, José Maria Marin, o texto da proposta está
praticamente fechado. Deve ser apresentado ao Congresso Nacional ainda neste ano
para que, se aprovado, equacione as dívidas dos clubes.
“Já apresentamos o projeto para o ministro do Esporte há um mês”, afirmou
Marin, na terça-feira. “Desde então, um grupo de trabalho vem se reunindo para
acertar mais detalhes.”
O vice-presidente da CBF e braço direito de Marin, Marco Polo Del Nero,
explicou que o projeto deve conter uma espécie de tabela estabelecendo quanto o
apoio a uma modalidade olímpica descontará dos débitos. “Um clube que deve um
valor x, poderá pagar essa dívida apoiando dez esportes por dez anos”, afirmou.
“Outro clube que deve o dobro, terá que investir por 20 anos.”
Del Nero concorda que o momento favorece a aprovação da proposta. Para ele,
os clubes poderiam dar uma boa contribuição no projeto olímpico nacional para
2016.
Segundo o vice-presidente da CBF, entre as poucas coisas que ainda não são
consenso no projeto é a criação de mecanismos para evitar que os clubes
contraíam novas dívidas. “Precisamos resolver essa questão de uma vez por
todas”, complementou o presidente Marin. “Temos que incluir no projeto uma
punição para evitar que os clubes voltem a dever.”
Marin defende que clubes que não quitem seus débitos em dia percam pontos em
campeonatos que estejam disputando e até possam ser rebaixados no Campeonato
Brasileiro.
Atualmente, estimativas apontam que os clubes de futebol do país devam juntos
cerca de R$ 4 bilhões. Desse valor, R$ 2 bilhões são de débitos com o governo
federal.
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