Sobre o autor
Em 2016, ele completará 21 anos de poder. Cinco ciclos olímpicos. Outros
presidentes de confederações fazem o mesmo.
Um deles, Jorge Rosa Lacerda, que assumiu a Confederação de Tênis com
discurso “moralizador e democrático”, aprendeu a lição rapidinho. Em seguida,
como discípulo de Nuzman, contrariou sua própria palavra, mudou o estatuto e já
se reelegeu. Seguiu o exemplo que vem de cima.
Mas essa gente não se envergonha, mesmo com o estatuto do Comitê Olímpico
Interncional permitindo apenas uma reeleição de seu presidente. Nem um rubor na
face. Nada! Driblar o ato legal tornou-se rotina.
No Brasil, do salto do regime militar para a abertura política, já há vinte e
tantos anos, a democracia ainda não chegou ao esporte. Nele, predomina a
ditadura dos cartolas.
Idoneidade
A tetraeleição de Nuzman ocorrerá num momento em que a credibilidade do COB
está seriamente fragilizada e comprometida:
- Roubo de informações dos computadores da organização dos Jogos de
Londres;
- Demissão dos acusados, mas sem clareza oficial do episódio;
- Comprometimento internacional da imagem esportiva do Brasil;
- Gerenciamento de farta verba pública, mas sem resultados expressivos no
pódio;
- Estatuto do COB impondo limitações para candidaturas à
presidência;
- Superfaturamento nas obras do Pan 2007;
- Falta de planejamento para o aproveitamento das arenas
esportivas;
- Acúmulo de poder com a presidência do Comitê Organizador Rio
2016;
- Diálogo limitado com os poderes da República;
- Presidente Dilma Rousseff com “um pé atrás” e de “saco cheio” de
Nuzman.
Cinismo olímpico
Avaliando a importância do esporte sob o aspecto humano e educacional, como
escreveu Katia Rubio, em excelente artigo, ontem, observa-se que o Comitê
Olímpico Brasileiro está na contramão desses princípios históricos.
Os legados que inspiraram os Jogos desapareceram e, por aqui, se fortalece a
tese de que uma coisa são os Jogos; outra os negócios.
É nesse panorama, de perfil antipático para uma entidade que deveria ter a
adesão e apoio popular, por natureza, que Nuzman vai para a eleição isolada e
ofuscada pela falta de transparência na verba pública que administra.
São gestões em que se gastam rios de dinheiro – público – “favorecendo
limitado número de dirigentes, que se perpetuam no poder e continuam,
cinicamente, a falar sobre o ideal olímpico e o papel do esporte na educação e
na integração dos povos”, escreveu Andrew Jennings.
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