Renata Santiago afirma que poderá ir à Justiça para buscar reparação da entidade.
Renata em momentos em que atuou como voluntária nos Jogos de Londres (Foto: Arquivo pessoal)
Felipe Mendes, Léo Burlá e Michel Castellar
Rio de Janeiro (RJ)
Rio de Janeiro (RJ)
Desde o dia 18, a vida de Renata Santiago virou de cabeça para baixo ao ser demitida do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio-2016 por supostamente estar envolvida no roubo de informações do Comitê Organizador dos Jogos de Londres (Locog). Foram 12 anos no movimento olímpico. Antes de se transferir para a Rio-2016, atuou no Comitê Olímpico Brasileiro (COB) indo, inclusive, aos Jogos de Atenas-2004. Agora, desiludida, pensa, até, em buscar reparação na Justiça.
- Sinceramente, não sei o que ou quem está por trás dessa história. Só sei o que eu fiz: nada de errado - frisou Renata ao LANCENET!.
Funcionária do Departamento de Relações e Serviços aos Comitês Olímpicos Nacionais (CONs) da Rio-2016, Renata chegou a Londres no dia 9 de junho para participar do programa Secondment. Nele, profissionais do Brasil trabalharam como se fossem efetivo dos quadros do Comitê dos Jogos de Londres.
- Éramos 14 e tínhamos acesso ao sistema. Onze foram demitidos, porque dois nunca acessaram o sistema e um trabalhou dentro do Centro de Operações e tinha acesso a tudo - explicou Renata, salientando que, oficialmente, dez foram demitidos porque um profissional está de férias e será forçado a deixar o Rio-2016 ao fim do descanso.
Procurado, o Rio-2016 ressaltou que Renata foi demitida porque fez cópias de arquivos sem autorização do Locog, e os trouxe para o Brasil. A entidade disse que os funcionários que trabalharam no comitê londrino assinaram contrato de confidencialidade e sabiam que qualquer espécie de informação precisava da anuência dos ingleses para ser copiada, independentemente de ser confidencial ou não.
- Conheço a cláusula mas, por ela, nada poderia ser feito em um programa de transferência de conhecimento. E tudo o que fiz relatei aos meus chefes por e-mail e relatórios com tudo o que acessei no período que fiquei lá. Tenho cópias de tudo. Disseram que roubei e agora vão ter de provar - disse Renata.
Bate-Bola: Renata Santiago, ex-voluntária do Rio 2016
1) A senhora enviou uma carta ao presidente do Comitê Rio-2016 onde apresentou suas alegações sobre o caso. Obteve alguma resposta?
Não. E não entendo o porquê, já que ele me conhece. Trabalhei diretamente com ele em vários momentos e sempre fui leal. Às vezes, acho que o presidente nem soube que eu fui demitida.
2) Mas achar que ele não sabia não é ingenuidade?
Não sei. Estou tão desiludida. Nem sei mais o que pensar.
3) Os demais demitidos pelo Rio-2016 tinham a sua experiência?
Não. Eles entraram há pouco tempo. Muitos nem conheço. O máximo que poderiam ter era dois anos lá.
4) A senhora acessou e copiou documentos confidenciais?
Não. E pergunto: você acha que os ingleses iam nos dar um login que permitisse acessar esse tipo de informação? Por isso, acho estranho.
5) O Comitê Organizador Rio-2016 alega que a senhora fez cópias de arquivos sem autorização.
Nunca. A gente tinha um login para acessar o sistema. E todas as informações que copiei coloquei num relatório apresentado ao próprio Rio-2016. Lá, inclusive, tem um campo para descrever todos os arquivos que foram copiados.
6) Os 14 participantes do programa de transferência de conhecimento eram de que áreas da Rio-2016?
Além do relacionamento com os CONs, tinha transporte, hospedagem, tecnologia da informação, recursos humanos e logística.
7) A denúncia foi feita em 1 de setembro. Você começou a trabalhar em 9 de junho e parou quando?
Trabalhei até o fim da primeira semana. Tive uma infecção intestinal, que provocou desidratação.
Entenda o caso
Denúncia: No dia 1º de setembro o Comitê Organizador dos Jogos de Londres comunica ao Rio-2016 que funcionários que participaram do programa de transferência de conhecimento copiaram informações da competição.
Atitude: Diante da denúncia, o Comitê Rio-2016 opta por demitir dez funcionários que supostamente estariam envolvidos na cópia das informações de forma indevida.
Defesa: Após ser demitida, Renata Santiago alega inocência ao LANCE! e disse que todas as informações por ela copiadas eram de conhecimento de seus superiores e não eram confidenciais.
Surpresa: Além de ser demitida após 12 anos de trabalho para o COB e, ultimamente Rio-2016, Renata Santiago disse ter sido surpreendida pela atitude da entidade que não defendeu seus funcionários e acatou as acusações dos ingleses.
Locog aponta acesso isolado
À reportagem do LANCENET!, o Locog, por meio de nota emitida na sexta-feira, informou que apenas um funcionário do Rio-2016 teria acessado o material e removido seu conteúdo sem o consentimento da entidade. Em contato feito nesta terça-feira, o Locog disse que não fará mais comentários sobre o episódio.
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