Diretor Mario Cilenti comenta sobre as especificidades de cada edição dos Jogos em relação às acomodações para os atletas
Mario Cilenti visita Vila dos Atletas dos Jogos de Londres 2012 (Foto: Rio 2016™)
O conhecimento adquirido em mais de 40 dias de observações dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Londres 2012 será imprescindível, mas Rio 2016™ terá a marca do carioca e o calor humano de um país tropical até então desconhecido de muitos. Para os atletas, protagonistas da festa, a atmosfera estará simbolizada na Vila Olímpica. Esta é a avaliação e a expectativa de Mario Cilenti, Diretor de Relações com Comitês Olímpicos e Paralímpicos Nacionais e Vila Olímpica.
Confira, a seguir, a análise de Cilenti sobre a última edição dos Jogos antes do Rio 2016™:
A Vila de Londres 2012 e as diferenças para Rio 2016™
“O ponto central aqui em Londres foi ter o foco no atleta como principal protagonista dos Jogos. No que diz respeito à Vila, eles focaram muito no atleta, nas suas necessidades básicas. A Vila foi muito boa, muito funcional. É claro que vamos repetir algumas coisas, outras vamos fazer diferente, porque o Rio nos permite fazer de outra forma. Aqui, eles têm 40 hectares de terreno. A nossa vai ser maior, terá 60 hectares. A Vila no Rio vai repetir o ambiente carioca, a atmosfera da cidade. Vai ter piscina, mais atividades ao ar livre, que aqui não houve pelas condições de clima, temperatura. A Vila daqui tem a cara de Londres, é um conjunto que foi construído para legado, para futura venda nos moldes do que se vende aqui. Lá no Rio, temos a sorte de que a Vila terá a cara de um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, que tem um certo nível de conforto. Vamos poder passar isso para os atletas.”
Transição dos Jogos Olímpicos para os Jogos Paralímpicos
“Praticamente, constrói-se uma Vila Paralímpica para usar também nos Jogos Olímpicos. Essa é a lógica. São apenas cinco dias entre o fechamento da Vila Olímpica e a abertura da Vila Paralímpica, então você não pode fazer muito. Durante esses dias, as sinalizações e o look são trocadas, são montadas uma ou outra área que só precisa no Paralímpico, como o Otto Bock - patrocinador do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) que presta serviços relacionados a cadeiras de rodas, próteses e outros materiais utilizados pelos atletas. Eles fazem de 120 a 150 serviços por dia. Fora isso, o serviço não muda. A cerimônia de boas-vindas é a mesma, a Zona Internacional, a comida, a academia, enfim, o nível de serviço é exatamente igual.”
Diferenças na operação
“Nos Jogos Olímpicos, moram em torno de 16 mil pessoas. No Paralímpico, entre atletas, oficiais e árbitros, esse número cai pela metade. Com isso, são utilizados os andares mais baixos dos prédios, para facilitar a mobilidade e minimizar o impacto dos elevadores, por conta dos cadeirantes. Mas todos os prédios e escritórios são utilizados pelos Comitês Paralímpicos. Alguns ficam no mesmo lugar dos respectivos Comitês Olímpicos. Muitas vezes, estes deixam material para o Comitê Paralímpico, alimentação, parte médica. Já deixam tudo montado. Temos também alguns Comitês que são olímpicos e paralímpicos - os Estados Unidos é o maior deles.”
Zona Residencial da Vila Olímpica de Londres 2012 (Foto: Rio 2016™)
Particularidades dos atletas olímpicos e paralímpicos
“São clientes um pouco diferentes em relação a como se comportam na Vila. No Olímpico, os atletas saem muito. O Paralímpico fica mais na Vila, tendem a ficar mais em grupo. Quando vão almoçar, vão todos juntos, vai todo o time. No Paralímpico, os oficiais técnicos moram na Vila. No Olímpico, o atleta chega dois dias antes da competição e vai embora logo depois de competir. No Paralímpico, geralmente, eles chegam para o começo dos Jogos e ficam até o fim.”
Participação de atletas no Comitê Organizador Rio 2016™
“É ótimo ter atletas no time, porque eles já foram clientes, agora são provedores para os futuros clientes Rio 2016™. Na nossa equipe de Vila e Atendimento aos Comitês Nacionais, temos o Bruno Souza, do handebol, com dois Jogos Olímpicos no currículo, o Bernardo Alvarenga, ex-nadador e competidor do Iron Man, e devemos ter mais com o tempo. O Bruno, por exemplo, está passando por uma adaptação ainda. Parou de jogar alguns meses atrás, operou e apressou a recuperação para estar conosco em Londres. Está sendo um grande aprendizado para ele. Os atletas vivem a experiência de ter tudo pronto, não percebem tudo que acontece por trás. Agora, ele está aprendendo tudo que precisa acontecer para entregar aquele nível de serviço.”
Parceiros
“Fizemos um bom trabalho com a equipe de Atendimento aos Patrocinadores Rio 2016™. Levamos alguns parceiros já existentes e outros potenciais no sentido de mostrar o que é a Vila, como é a vida ali dentro, e falar das oportunidades que eles têm para prover um serviço. Indiretamente, fazer um showcase da sua marca, do seu produto. Na Vila, o Comitê Olímpico Internacional e o IPC não permitem showcase. Não dá para trazer, por exemplo, um carro e as pessoas tirarem fotos com o carro. O carro tem que prover alguma forma de entretenimento ou recreação, ou algum serviço para os atletas. A única forma de estar presente é prestar algum tipo de serviço. A partir disso, é tentar ser criativo. Indiretamente, estarão fazendo essa exposição da marca e o showcase. O importante é já estarmos falando com eles quatro anos antes.”
Restaurante da Vila tem o mesmo nível de serviço para os Jogos Olímpicos e Paralímpicos (Foto: Rio 2016™)
Próximos passos
“Terminando Londres, nossa vida vai ficar mais ocupada. Serão mais Comitês visitando o Rio. Já estamos recebendo Comitês há mais de um ano, mas, agora, vai aumentar muito. Nosso time de Atendimento aos Comitês vai crescer junto com a demanda. Na parte de Vila, já temos o nosso masterplan aprovado. Agora, com nossas observações em Londres, começamos a entrar nos detalhes, alguns pontinhos que podemos modificar e melhorar ainda mais. O trabalho agora é acompanhar o andamento das obras, que já começaram em junho. As fundações dos primeiros condomínios já estão bem adiantadas.”
Expectativa para Rio 2016™
“Existe uma ansiedade grande. Muita gente não conhece o Rio, o Brasil ou a América do Sul. Surpreende a quantidade de pessoas que nunca foram na América do Sul, inclusive em Comitês Olímpicos, pessoas viajadas. Para eles, é como chegar em um mundo diferente, completamente novo. Acho que vamos ter muitas visitas antes por conta disso. Londres, todo mundo já conhecia. Eles estão esperando uma grande festa, calor humano, uma paixão que vai ser bem diferente do que já houve. A expectativa é alta em relação à experiência como um todo, além da parte esportiva. Na parte técnica, não tem como ser muito diferente, o COI e o IPC determinam. Mas a parte em que vamos nos destacar vai ser na experiência dos atletas, dos oficiais, do público. Não é melhor, nem pior. É diferente. Cada edição dos Jogos tem suas particularidades e esse é o charme.”
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