PROJETOS DA COPA 2014 EM MANAUS

PROJETOS DA COPA 2014 EM MANAUS

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

PLANEJAMENTO EVITOU CAOS NO TRANSPORTE EM LONDRES, DIZ CONSULTOR.

FONTE: http://www.portal2014.org.br/noticias/10651/PLANEJAMENTO+EVITOU+CAOS+NO+TRANSPORTE+EM+LONDRES+DIZ+CONSULTOR.html

Diretor da Ernst & Young Terco, uma das apoiadoras do Rio 2016, esteve na edição deste ano dos Jogos.

Eduardo Mack: aprendendo com Londres (crédito: EYT/Divulgação)
 
Quase 11 mil atletas, 20 mil jornalistas e mais alguns milhares de turistas criaram o temor constante de que o transporte público de Londres entraria em colapso durante a realização dos Jogos Olímpicos, entre os dias 28 de julho e 12 de agosto deste ano. Mas, a realidade foi bem diferente – para melhor – na visão de Eduardo Mack, diretor de Comunicação e Ativação de Patrocínio da Ernst & Young Terco (EYT).

Ele foi um dos 15 executivos da empresa, entre brasileiros e norte-americanos, que estiveram em Londres para acompanhar o evento, aprender com a organização dos Jogos e replicar a experiência em 2016, no Rio de Janeiro. "Os londrinos fugiram. Oxford Circus, a estação de metrô mais movimentada da cidade, estava às moscas. Os taxistas reclamavam das pessoas que tiravam férias, com medo do caos e da invasão dos turistas”, relata Mack.
 
A multinacional Ernst & Young Terco, que presta serviços no ramo de consultoria e auditoria, é uma das seis apoiadoras oficiais da Olimpíada do Rio, ao lado de Nissan, Bradesco, Bradesco Seguros, Claro e Embratel.
 
Segundo Mack, o temor dos londrinos de que a chegada de milhares de turistas “olímpicos” iria superlotar as ruas e linhas de metrô da cidade acabou surtindo o efeito contrário. “Você pode receber milhões de turistas, mas eles não vão almoçar todos no mesmo lugar. Eles vão se movimentar pela cidade. Após a cerimônia de abertura com aquelas 70 mil pessoas, por exemplo, peguei o metrô vazio. Fiquei chocado”, afirma Mack, para quem a eficiência do transporte londrino e o planejamento evitaram o caos na capital britânica.
 
O diretor de comunicação, no entanto, chamou atenção para um problema crônico durante os Jogos: o uso de GPS por motoristas, muitos deles de fora da cidade, que esbarrava na enorme quantidade de ruas bloqueadas em função do megaevento. “Eu andei duas vezes num carro desses com esse "GPS olímpico" e os motoristas estavam bem perdidos”, conta.

Confira a entrevista na íntegra:
Qual era sua meta em Londres? Em que consiste o seu trabalho?Sou diretor de comunicação e de ativação de patrocínio da Ernst & Young Terco (EYT). Sou a pessoa que busca as oportunidades para ativarmos nosso patrocínio, a marca da EYT e do Rio 2016, que estarão unidas nos próximos quatro anos. Nosso trabalho é mostrar para um público, interno e externo, o compromisso da EYT com os Jogos Olímpicos e com a prática de esportes. Vamos desenhar e implementar várias ações nos próximos quatro anos. O meu trabalho consiste em encontrar formas inteligentes e criativas de associar a EYT à Rio 2016.

Então, a viagem a Londres foi uma missão para aprender com a experiência dos Jogos...Exatamente. Não fui só eu. Foi uma equipe daqui, e dos EUA também. Fomos para lá pois essa é a única chance que temos até 2016 para viver os Jogos Olímpicos. Fomos observar os processos, a execução, e conversamos com patrocinadores locais para aprender com eles o que funcionou e o que não funcionou, o que eles fariam de forma diferente. Foi uma vivência incrível, pois, por mais que você possa se organizar para absorver aquilo tudo, você tem muito pouco tempo. Há o deslocamento de atletas, autoridades, eventos públicos nas ruas, eventos nas embaixadas. É uma grande festa.
Notamos que Londres funcionou muito bem em sua infraestrutura durante o evento. Vimos medalhistas de ouro andando de metrô, as equipes todas circulando pela cidade com facilidade. Fruto do planejamento e da preparação que eles tiveram. Isso corresponde ao que você viu?O que acontece é que o Comitê Olímpico Internacional (COI) é muito rigoroso quando aprova um projeto numa cidade que vai receber os Jogos. Londres é uma cidade que, com certeza, tem um transporte público muito bom, mas, tradicionalmente, na primeira semana de Olimpíada em qualquer cidade, a população que não está necessariamente tão engajada e tão envolvida foge de lá.

Em Londres, na primeira segunda-feira dos Jogos, via-se que Oxford Circus, a estação de metrô mais movimentada, estava às moscas porque os londrinos fugiram. Os taxistas reclamavam porque as pessoas tiraram férias e tavam com medo. Isso aconteceu em Atenas, em Sydney, porque as pessoas ficam um pouco ansiosas, achando que vai ter uma grande invasão de turistas e que vai ser um grande caos. Conversei com jornalistas lá e nem eles estavam muito confiantes de que iria dar certo. Você pode receber dois milhões de turistas, ou um milhão, sei lá, mas eles não vão almoçar todos no mesmo lugar, eles vão assistir jogos de vôlei, de basquete. Eles vão se movimentar pela cidade. Londres, por ter um transporte público muito organizado, conduziu o fluxo de pessoas tranquilamente.

Na cerimônia de abertura, por exemplo, quando acabou, e lá havia 70 mil pessoas, peguei o metrô vazio na saída. Fiquei chocado. Além do metrô ser muito eficiente, você também tem a polícia e os organizadores que já preveem o fluxo de pessoas e vão conduzi-las. E tem o planejamento para os deficientes. Lá, as pessoas em cadeira de rodas tem acesso fácil aos estádios, ao metrô também. Tudo isso muito bem planejado.
Parque Olímpico de Londres: público não transformou transporte em caos (crédito: EFE)
E a Olimpíada no Rio 2016, como vai ser? Conhecendo um pouco do projeto do Rio 2016, acredito que as linhas de BRT (Bus Rapid Transit) irão funcionar bem. Não vai dever nada ao metrô de superfície. Então, como Comitê Olímpico Internacional tem padrões muito altos, eles vão ficar com uma lupa em cima, e vão exigir testes e mais testes. É como se fosse uma parceria.
 
Mas essas linhas de BRT terão capacidade para transportar todo o público estimado para os Jogo no Rio em 2016?É interessante observar que a demanda não é concentrada. Em toda primeira semana de Olimpíada, só as competições de natação acontecem, e o atletismo fica para a semana seguinte. Só pra citar as duas modalidades mais populares. Quando a natação termina, os nadadores todos voltam pra casa. E é muita competição. A gente não se dá conta de que tem canoagem, que sequer foi em Londres, foi fora da cidade. Futebol masculino começou em Newcastle. Vela foi um pouco fora de Londres também [NE: aconteceu em Weymouth, na costa sul da Inglaterra].

Tem muita coisa, então, que a gente pensa que é ao mesmo tempo, mas não é. Tem uma agenda, um calendário, as pessoas vão competindo e vão indo embora. E aquele turista que é fanático por natação, ele veio para a natação, viu um pouco de hipismo e vai embora. Ele não fica pro resto porque os ingressos são muito caros. Certo dia, eu estava no metrô indo para o jogo de vôlei de manhã e vi todo mundo indo para aquele lugar. Mas no bairro ao lado, a vida continua normal, as pessoas estão trabalhando.

E os problemas?Uma coisa muito curiosa é que eles tiveram muitos problemas com o transporte oficial. Existia uma faixa em Londres que era só para os carros que transportavam as autoridades olímpicas. Então esses carros tinham um GPS olímpico, porque os motoristas, grande parte deles, não era de Londres. Então o cara botava lá: "Eu quero ir para o Hilton", por exemplo. Botava no endereço, o carro saía. Só que no trajeto, as ruas estavam fechadas porque iria passar o Príncipe Harry, porque iria acontecer alguma competição. O GPS mandava virar para a direita e o cara tinha que ir reto. (Gerava) problema de deslocamento. O motorista ficava doido. O GPS dizia “Por que você não vira à direita?” e ele não sabia te dar opção, pois não eram de Londres. Eu andei duas vezes num carro desses, os motoristas estavam bem perdidos.

A forma mais segura de circular era no metrô e nos ônibus, que funcionavam regularmente, não é isso?
Sim. Embora eu tenha conversado com os jornalistas e eles estavam muito tensos porque achavam que, se houvesse algum ato terrorista, seria no metrô. E não houve. A cidade estava muito policiada, as pessoas estavam tranquilas. Mas o londrino, que já viu atentando em ônibus em 2005, estava preocupado. Como é que você vai monitorar aquela malha de metrô tão grande de forma eficiente? Então eles fizeram o melhor que puderam, se prepararam e não aconteceu nada. Você tem aquele espírito festivo, de que vai dar tudo certo, mas o cara que mora ali e que já viu outros atentados sabe o dano que isso pode causar para a imagem do país.
 
No Brasil, podemos dizer que a criminalidade é a principal ameaça a que o evento aconteça de uma forma bonita e tranquila?
Sim, mas não vai acontecer. Em 2007, durante o Pan, como ainda não havia favelas pacificadas, o Exército estava na rua, com uma presença forte. Então, nada aconteceu no Rio. Em Londres foi igual. Não é novidade. Vai acontecer em qualquer cidade em que a preocupação com segurança for muito grande. E, no Rio, o processo de pacificação das favelas já foi iniciado, com raras exceções. Mas temos quatro anos de trabalho a serem feitos ainda. E não há duvidas que quando acontecer Copa e Olimpíada, o Exército estará presente. Tudo isso já faz parte do planejamento normal.

O que você aprendeu em Londres e que poderia servir de lição ou advertência para nós brasileiros na organização destes eventos, como a Copa e a Olimpíada? Para mim, é muito claro que o sucesso destes projetos todos está no planejamento minucioso, no comprometimento de concordar com projetos e com agendas, e na execução de forma cristalina. Planejar e executar sem surpresas e mudanças de último minuto. Quando chegamos em Londres, não tivemos surpresa nenhuma com as instalações. Eles conseguiram terminar o grosso das obras um ano antes. E isso passa muita tranquilidade. E o Rio tem toda chance de fazer isso.

Se você parar para pensar, o Maracanã, que é o estádio de abertura, estará pronto por causa da Copa. O Engenhão, do atletismo, está pronto, só vai ter que sofrer algumas adpatações. E o Parque Olímpico, metade dele é de instalações temporárias. A gente toda chance de terminar tudo isso com muita antecedência. O aprendizado em Londres é isso, é a disciplina, o comprometimento com os horários, a execução. E não tenho dúvida que a gente vai realizar de forma correta porque o COI está em cima. É uma parceria do governo brasileiro com o COI. É do interesse de todos que seja um sucesso.
 
Do ponto de vista de imagem de mercado, é possível estimar a valoração, quanto vai valer a marca Rio com a realização da Olimpíada?
Ainda não existem estudos nesse sentido, mas os americanos que chegaram nos Jogos uma semana depois da abertura disseram que as audiências da NBC estavam altíssimas e que a percepção de Londres pelos americanos aumentou fortemente. Sydney, apesar de ser uma cidade distante, aumentou o turismo consideravelmente. O fato do Rio de Janeiro ser uma cidade que todo mundo sonha um dia na vida visitar vai dar um impulso muito grande. Tanto a Copa como a Olimpíada serão tranquilas do ponto de vista de segurança, e isso vai aumentar o resultado do turismo no Brasil fortemente.

Nenhum comentário:

Postar um comentário