PROJETOS DA COPA 2014 EM MANAUS

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sexta-feira, 9 de novembro de 2012

DEMOLIÇÃO DE COLÉGIO POR CAUSA DAS OBRAS DO MARACANÃ DEIXA PAIS PREOCUPADOS.

FONTE: http://oglobo.globo.com/rio/demolicao-de-colegio-deixa-pais-preocupados-6667824

Escola municipal com o 4º melhor Ideb da cidade e o 7º do estado está no caminho das obras do Maracanã.


Escola Municipal Friedenreich deve ser demolida devido às obras do Maracanã
Foto: Mônica Imbuzeiro / O Globo
Escola Municipal Friedenreich deve ser demolida devido às obras do MaracanãMônica Imbuzeiro / O Globo
 
RIO — Para muitos pais, alunos e professores, duas quadras de aquecimento nem se comparam ao ensino público consagrado como o quarto melhor da cidade do Rio e o sétimo do estado — segundo o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Mas, para desespero de sua comunidade, as obras para as Olimpíadas de 2016 vão atropelar a Escola Municipal Friedenreich, no Maracanã, uma rara unidade da rede que satisfaz a todos. Nesta quinta-feira, eles prometem ir em peso à audiência pública no Galpão da Cidadania, na Zona Portuária, com o secretário estadual da Casa Civil, Régis Fichtner, para tentar mudar um destino que parece selado: a demolição do colégio. Para seu lugar, está projetada a construção das quadras de aquecimento, a serem usadas por jogadores de futebol que competirem no complexo do Maracanã.
 
Para pais e alunos, é hora de buscar respostas e, sobretudo, defender um projeto de escola que, segundo eles, deveria, em vez de enfrentar uma remoção, ser modelo para a cidade.
 
— Nós nos sentimos como uma família. Por isso, a perda da escola é uma perda de referencial, de identidade para as crianças. Tenho orgulho de dizer que minhas filhas estudam numa escola do município do Rio. A gente não consegue entender o porquê de acabar. Se eu pudesse acampar aqui e impedir isso (a demolição da escola), faria, assim como minhas filhas — conta Carlos Sandes, professor de uma escola particular que tem duas filhas na Friedenreich.
 
Em 2009, quando começaram os boatos de que, com a reformulação do complexo do Maracanã, a unidade seria demolida, Carlos se tornou o presidente da comissão de pais, formada para impedir o que consideram um desastre. A forte participação dos pais dos 349 alunos da escola é sempre citada como o maior patrimônio da Friedenreich.
 
A Secretaria municipal de Educação divulgou nota informando que toda a estrutura pedagógica, a direção e o corpo docente da escola serão mantidos, sem qualquer prejuízo para a qualidade do ensino. A prefeitura e o governo do estado estão à procura de um novo espaço para a escola. Segundo a Secretaria estadual da Casa Civil, a demolição é necessária para que o futuro complexo do Maracanã atenda aos padrões internacionais.
 
Muitos pais e professores não são contra a mudança de prédio, desde que não seja para outro bairro e que o nome, homenagem ao jogador Arthur Friedenreich (1892-1969), estrela do futebol brasileiro no início do século passado, seja mantido.
 
Ensino que atravessa gerações de alunos
O laço afetivo dos estudantes é tão grande que muitos são filhos de ex-alunos. A dona de casa Renata Carvalho dos Santos é uma das mães que fazem parte da história da escola. Além dela, sua mãe, sua tia, sua irmã e seus três filhos estudaram ali. Hoje, está lá seu filho de 6 anos (os outros deixaram a escola, que só oferece turmas até o quinto ano). A dona de casa decidiu matriculá-los em colégios particulares, já que não existem outras unidades na região com o mesmo nível do da Friedenreich. Ambos conseguiram bolsas de estudo.
 
Ex-alunos de escolas particulares, aliás, não são presença rara na Friedenreich. A dona de casa Maria Elide Abade decidiu matricular seu filho na unidade municipal depois que uma profesora da particular onde ele estudava lhe fez essa sugestão. Entre os novos colegas de seu filho, a maioria sonha ir, posteriormente, para escolas modelo, como o Pedro II e o Colégio Militar. A dona de casa Kelly Cristina da Silva sabe que o desejo pode se tornar realidade. Seu primeiro filho foi para o Pedro II e a segunda, de 11 anos, prepara-se para se juntar ao irmão.
 
Uma escola familiar
A professora Tânia Pereira da Luz, da 1ª série, ressalta que a participação da família é o que mais contribui para uma educação de qualidade:
 
— Acho que a maior diferença não são nem os docentes, porque estes se dedicam onde quer que estejam, mas o apoio dos responsáveis. Aqui os pais estão preocupados com o desenvolvimento da criança na escola, o que não é algo generalizado.
 
Segundo ela, os pais costumam se envolver muito nos projetos propostos pelos professores. É essa harmonia que a comunidade escolar da Friedenreich teme perder, caso a unidade seja transferida para outro local, como já foi acenado pelo governo.
 
A identificação com o Maracanã é muito forte.
 
— Desde pequenos, eles se sentem glorificados por estudar dentro do Maracanã. É mais um incentivo para gostar da escola — conta Tania Muniz, professora da unidade.
 
A filha de Kelly, Nicole, assim como outras crianças, está animadíssima para a audiência pública. Foram alugados dois ônibus de turismo com 50 lugares para levar os alunos. Tudo para defender a escola, que conta com quadra poliesportiva, parquinho com grama sintética, salas com ar-condicionado e televisão, retroprojetores e sala de informática.

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