Em março do ano passado, Valcke causou uma grande polêmica ao dizer que o Brasil precisava de um "chute no traseiro".
[ i ] O dirigente deu o exemplo de uma cidade-sede, que
preferiu não citar, na qual "há apenas 17.000 quartos de hotel. Foto:
Christophe Simon/ AFP
Rio de Janeiro - O
secretário-geral da Fifa, o francês Jerome Valcke, se disse confiante em relação
à organização da Copa das Confederações de 2013, mas salientou que o Brasil
ainda tem "desafios pela frente" até a Copa do Mundo de 2014.
"Alguns estádios estão mais ou menos dentro do cronograma previsto e outros
devem ter suas obras concluídas até o fim do mês de abril, o que representa um
grande desafio porque teremos muito pouco tempo para testar as infraestruturas.
Mesmo assim, temos certeza de que tudo vai dar certo para a Copa das
Confedereções", declarou o dirigente nesta segunda-feira no Rio de Janeiro, na
abertura do Soccerex, feira de negócios do futebol.
"A Copa das Confederações é uma competição menor (com oito equipes),com menos
gente viajando e procurando hospedagem", justificou.
No entanto, Valcke, que em março do ano passado causou uma grande polêmica ao
dizer que o Brasil precisava de um "chute no traseiro" para acelerar os
preparativos para o Mundial de 2014, voltou a usar um tom irônico e a alfinetar
o país.
"A prioridade de vocês é ver o Brasil vencer a Copa, mas a da Fifa é que ela
seja organizada de forma irretocável. Temos que trabalhar duro para termos
certeza de que os torcedores serão muito bem acolhidos", avisou.
O dirigente deu o exemplo de uma cidade-sede, que preferiu não citar, na qual
"há apenas 17.000 quartos de hotel enquanto o estádio tem capacidade para 45.000
torcedores. Neste caso, alguma coisa está errada. Mesmo com três pessoas na
mesma cama, ainda teríamos 10.000 pessoas sem cama", ironizou.
"Temos que trabalhar com cada cidade para ver como transportamos estes
torcedores do estádio até os hotéis e até a próxima cidade onde sua seleção vai
jogar. Estamos tentando encontrar soluções", explicou.
Apesar do tom crítico, Valcke fez questão de afirmar que o clima estava muito
mais ameno, cerca de nove meses depois do incidente do 'chute no traseiro'.
"Não estamos mais brigando porque não adianta nada. Não é um casamento, a
Fifa e o Comitê local não têm como se divorciar. O mais importante é trabalhar
em conjunto para tentar solucionar os problemas", completou.
O presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), José Maria Marin,
que também estava presente no evento, disse que a Copa do Mundo representa uma
grande oportunidade de renovar as instalações esportivas do país.
"O Brasil, que sofria com estádios arcaicos, terá 12 novos estádios, com
estruturas modernas, que proporcionam oportunidades de negócios, além de
camarotes e áreas de lazer", destacou Marin.
"O país do futebol não pode ter gramados de nível inferior, desenvolvemos
estudos para que nossos estádios tenham os melhores tapetes", completou.
A Soccerex também deveria ter a presença do vice-presidente da CBF, Marco
Polo del Nero, mas o dirigente prestou depoimento na manhã desta segunda-feira
na Polícia Federal e teve documentos e computadores apreendidos na sua casa em
operação que tem como objetivo desarticular duas organizações criminosas, uma
especializada na venda de informações sigilosas e outra voltada para a prática
de crimes contra o sistema financeiro.
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