Dinheiro público paga 97% dos estádios da Copa, mas governo não controlará nenhum
Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
A Copa do Mundo de 2014 deu início a uma onda de privatização da
administração de estádios do país. Todas as 12 arenas que serão usadas no
Mundial do Brasil serão controladas pela iniciativa privada depois que o torneio
acabar. Isso ocorrerá apesar do dinheiro
público pagar cerca de 97% de todas as obras em estádios para a Copa, segundo as
últimas estimativas de gastos com as arenas.
Depois do torneio, todos os noves estádios públicos usados na Copa já devem
estar entregues a empresas (veja no quadro). Os outros três estádios da
Copa que já são privados --Itaquerão (São Paulo), Beira-Rio (Porto Alegre) e
Arena da Baixada (Curitiba)-- também permanecerão independentes do Poder
Público.
CONFIRA COMO ERA E COMO FICARÁ A ADMINISTRAÇÃO DE CADA ESTÁDIO
Estádio | Antes da Copa | Após a Copa |
Estádio Nacional Mané Garrincha (Brasília) | Governo do Distrito Federal (pública) | Administração será concedida a uma empresa privada por meio de licitação. |
Maracanã (Rio de Janeiro) | Governo do Rio de Janeiro (pública) | Administração será concedida a uma empresa privada por meio de licitação |
Arena Amazônia (Manaus) | Governo do Amazonas (pública) | Administração deve ser concedida a uma empresa privada |
Arena Pantanal (Cuiabá) | Governo do Mato Grosso (pública) | Administração deve ser concedida a uma empresa privada |
Mineirão (Belo Horizonte) | Governo de Minas Gerais (pública) | Consórcio responsável pela obra administrará estádio por 25 anos após reabertura |
Fonte Nova (Salvador) | Governo da Bahia (pública) | Consórcio responsável pela obra administrará estádio por 35 anos |
Castelão (Fortaleza) | Governo do Ceará (pública) | Consórcio responsável pela obra administrará estádio por 8 anos |
Arena das Dunas (Natal) | Prefeitura de Natal (pública) | Consórcio responsável pela obra administrará estádio por 20 anos |
Arena Pernambuco (Recife) | Estádio novo | Consórcio responsável pela obra administrará estádio por 33 anos |
Itaquerão (São Paulo) | Estádio novo | Administração será privada |
Beira-Rio (Porto Alegre) | Internacional (privada) | Administração permanecerá privada |
Arena da Baixada (Curitiba) | Atlético Paranaense (privada) | Administração permanecerá privada |
No que diz respeito só aos estádios públicos, a transferência da
administração de quatro arenas já foi concretizada. Parcerias público-privadas
(PPPs) feitas por governos estaduais para a reforma dos estádios da Fonte Nova
(Salvador), Mineirão (Belo Horizonte), Castelão (Fortaleza) e Arena das Dunas
(Natal) repassaram o controle desses estádios às empresas que atualmente estão
os adaptando para o Mundial de 2014.
A Arena Pernambuco (Recife), que está sendo construída por meio de PPP,
também será administrada pelo consórcio construtor. Neste caso, o acordo vale
por 33 anos. Depois disso, assim como na PPP dos outros estádios, o controle
poderá voltar ao Poder Público.
SAIBA MAIS
Além dessas cinco arenas, a privatização de outros dois estádios públicos
já foi anunciada. Maracanã (Rio de Janeiro) e Estádio Nacional Mané Garrincha
(Brasília) passarão por um processo de concessão ainda antes da Copa do
Mundo.
No caso do Maracanã, o processo para concessão já foi iniciado. O governo
do Rio de Janeiro avalia atualmente um projeto da empresa IMX, do bilionário
Eike Batista, sobre como o estádio deve ser repassado a um administrador
privado.
De acordo com a secretária de Esporte e Lazer do Estado do Rio de Janeiro,
Márcia Lins, com a ajuda de informações projeto da IMX, o governo lançará ainda
neste ano um edital de licitação do Maracanã. Até
a conclusão da reforma do estádio, marcada para fevereiro de 2013, o novo
administrador estará definido. Eike Batista mesmo já disse que pretende
assumir o local.
Já no caso do Estádio Nacional Mané Garrincha, a
privatização foi anunciada mais recentemente e o processo para ela ainda não
começou oficialmente. Mesmo assim, o governo do Distrito Federal pretende
também repassar o controle da arena antes da Copa.
Na semana passada, inclusive, investidores estrangeiros, representantes da
AEG Live, visitaram o Estádio Nacional acompanhados do governador Agnelo
Queiroz.
Dos 12 estádios da Copa, os únicos dois cujos planos para o futuro ainda
não foi anunciados são a Arena Amazônia (Manaus) e a Arena Pantanal (Cuiabá). As
duas arenas também são públicas. Suas reformas estão sendo totalmente bancadas
com dinheiro do governo.
Procurados pelo UOL, tanto o governo do Amazonas quanto o
de Mato Grosso informaram que ainda não definiram completamente o que farão dos
seus estádios. Eles já adiantaram, porém, que as arenas também devem aderir a
onda de concessões e suas administrações passarão a ser privadas. Só não sabem
ainda se isso será feito antes ou depois da Copa.
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