Acusado de receber suborno no esquema da ISL, João Havelange deveria deixar o cargo de presidente honorário da entidade
ZURIQUE - A revelação de que esteve envolvido em
escândalos de recebimento de propina parece ter diminuído o prestígio de João Havelange na Fifa. Neste domingo, um jornal
suíço reproduziu uma entrevista com Joseph Blatter, na qual
o presidente da entidade afirma que o brasileiro deveria deixar o cargo de
presidente de honra do maior órgão do futebol mundial.
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Mike Fiala/AP - 5/6/1996
"Ele tem que ir. Ele não pode permanecer como presidente de honra depois
destes incidentes", declarou Blatter ao SonntagsBlick. "Havelange é e foi
um grande dirigente. Ele é multimilionário. Para mim era inconcebível que ele
recebesse propina. Ele não precisava", completou.
A Fifa divulgou na última quarta-feira um documento para confirmar que os
brasileiros João Havelange, ex-presidente da entidade, e Ricardo Teixeira,
ex-presidente da CBF, receberam suborno da ISL, que faliu em 2001. Segundo o
processo, Teixeira recebeu US$ 13 milhões (em valores atualizados) entre 1992 e
1997, enquanto Havelange ganhou US$ 1 milhão (também em valores atualizados) em
1997 da empresa de marketing em troca de vantagens no processo de venda dos
direitos de transmissão da Copa do Mundo.
Blatter assumiu a presidência da Fifa em 1998, substituindo justamente João
Havelange, para quem trabalhava como diretor. Apesar de já estar envolvido com a
entidade no período em que os pagamentos de propina ocorreram, o suíço garantiu
que não tinha conhecimento do escândalo.
"Eu só fiquei sabendo disso (dos pagamentos), depois do colapso da agência
ISL, em 2001", afirmou. "Foi a própria Fifa que abriu o inquérito criminal na
época e desde então tem acompanhado o desenrolar do caso ISL", completou.
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