Diretrizes gerais foram divulgadas nesta terça-feira (24.07) e testes práticos já podem começar no Campeonato Brasileiro deste ano.
Governo RJ
Centro de Comando e Controle em construção no Rio de Janeiro: integração das forças de segurança
As diretrizes gerais da segurança para a Copa do Mundo de 2014 estão no Planejamento Estratégico divulgado nesta terça-feira (24.07) pela Secretária Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos (Sesge). Agora, os planos táticos e operacionais das 12 cidades-sede do Mundial vão começar a ser definidos, de acordo com as peculiaridades locais. Em entrevista ao Portal da Copa, o secretário Valdinho Jacinto Caetano explica que a ideia é reforçar a segurança pública como um todo, usando equipamentos, tecnologias e serviços de inteligência de forma integrada entre as instituições.
O primeiro grande teste para colocar em prática o plano de segurança será a Copa das Confederações de 2013. “Os jogos, do ponto de vista da segurança, têm a mesma importância para nós. É lógico que não teremos aqui a quantidade de turistas da Copa do Mundo, mas para nós é a hora de pegar o plano, os equipamentos, fazer um grande teste, afinar o que tem que ser melhorado e manter o que está dando certo”, explica Caetano, que acrescenta que as simulações dos planos operacionais já podem começar no Campeonato Brasileiro deste ano.
O Planejamento Estratégico traz em linhas gerais o efetivo de segurança a ser utilizado nos grandes eventos, de que forma as forças de segurança vão trabalhar, quais os equipamentos e tecnologias devem ser adquiridos, mas o Secretário Caetano ressalta que o plano estará em constante construção. “A Copa do Mundo é em 2014 e não se faz, hoje, um plano estático. É lógico que as premissas básicas estão prontas. Agora, dali decorrem sempre alterações e atualizações, até em razão da peculiaridade de cada cidade-sede”.
A Sesge tem promovido uma série de intercâmbios com forças de segurança de outros países que já passaram pela experiência de organizar grandes eventos, como Reino Unido, Estados Unidos e Alemanha. Nesta semana, haverá um curso em Washington (EUA), com 20 vagas. Lá estarão representantes dos 12 estados com jogos da Copa e órgão federais. “Os que representam as cidades voltam e são multiplicadores. Os que estavam em Manaus, ou no Rio de Janeiro (Simpósio de Segurança em Grandes Eventos Esportivos – A Experiência Alemã), agora voltam para os seus estados e começam, conosco, a escrever o plano. Tudo aquilo que eles viram vai ser aplicado na prática, isso aqui pode ser adaptado à nossa realidade, isso aqui não dá e é isso”, diz Caetano.
O orçamento da Sesge será de R$ 1,17 bilhão para investir em equipamentos para os Centros de Comando e Controle, além de delegacias móveis, barcos, câmeras, softwares, por exemplo, e em treinamento e capacitação. A secretaria trabalha, no momento, na compra dos diversos itens necessários para o Mundial. "Você tem que descrever exatamente o que quer, item por item, e forma um bloco enorme. Agora estamos no mercado pedindo que as empresas apresentem os valores de cada item, porque precisamos de no mínimo três valores de empresas diferentes, para ir comprar de quem tem melhor qualidade e preço”, explica.
Os investimentos em segurança ainda serão pactuados entre União, estados e municípios para integrar a Matriz de Responsabilidade da Copa do Mundo, em breve. As contrapartidas locais serão na estrutura física dos Centros de Comando e Controle, além dos efetivos policiais, viaturas e demais equipamentos.
» Principais trechos da entrevista
Treinamento
“Temos a previsão de fazer vários treinamentos simulados. Nessa ideia de treinamento, há interlocução com países que já fizeram grandes eventos, como Alemanha, Estados Unidos e Inglaterra. A contribuição é grande. Para você ter uma ideia, veio um chefe de polícia alemã que trabalhou na Olimpíada de Munique, que foi um fracasso, do ponto de vista da segurança, e agora trabalhou na Copa do Mundo de 2006, que foi um sucesso.
Então foi uma experiência riquíssima, ele falando das duas situações. E muitos outros profissionais de altíssimo nível. Fizemos com os EUA o programa antiterrorismo. Vieram profissionais que já trabalharam em vários eventos: Olimpíadas, Copa do Mundo, no basquete deles, profissionais de alta capacidade falando de grandes eventos. Isso é uma troca de informações. Nós fomos até a Cidade do México, por exemplo, para ver o Centro de Comando e Controle deles, o mesmo em Israel, que é uma grande referência.
Estamos distribuindo vagas para que as pessoas nos estados, que vão trabalhar com plano de segurança, tenham contato com esses profissionais de altíssimo nível, com as experiências exitosas, com os fracassos e dali a gente tire o melhor. Ou seja, estamos fazendo uma integração com os profissionais das 12 sedes e a gente conversa muito antes, durante e depois dos eventos.
Estamos adquirindo conhecimento e informação, mas, ao contrário do que alguns afirmam, eles não vêm aqui nos ensinar. Eles vêm dizer da experiência deles e aqui a gente vê o que é bom para nós, o que serve e o que não serve, e de que forma adaptar e aplicar aquilo à nossa realidade. A realidade da Alemanha não é aquela que se pode aplicar literalmente no Amazonas, por exemplo. A nossa cultura é diferente. É uma troca.
E depois que fizermos esse plano estratégico local, o tático operacional, vamos dizer o que fazer em cada área e aí vamos simular. Por exemplo, vamos pegar um jogo do Campeonato Brasileiro e transformá-lo no padrão Copa do Mundo para fazer a simulação de situações. Provavelmente já no torneio de 2012”.
Torcedores
“Outra pergunta recorrente, se nós temos preocupação extra com fronteira, com terrorismo. Não, não temos. Quem trabalha num grande plano de segurança como esse tem que estar preocupado com tudo, senão a gente começa a dedicar muito tempo a uma coisa e não a outra. Temos preocupação com fronteira, com hooligans, mas é uma preocupação excepcional? Não. Nós não pensamos em outra coisa aqui a não ser fazer uma segurança global no nível que a Copa do Mundo precisa.
Certamente vamos procurar com as polícias de outros países, que eventualmente tenham banco de dados dos torcedores, e monitorar se eles virão ao Brasil. Mas o fato de lá no país deles eles darem problemas em um determinado jogo não quer dizer que eles darão problemas aqui. O Brasil é um país receptivo e a Copa do Mundo é uma festa. Nós queremos que as pessoas venham, brinquem, participem dessa festa de forma harmônica, ordeira. Mas se não for assim, estaremos preparados”.
Jogos de risco
“Fizemos uma classificação dos jogos, de acordo com a sua criticidade: alta, média, ou baixa. Já temos isso mapeado. A situação que ocorreu entre torcedores da Polônia e da Rússia na Eurocopa deste ano existe lá e é histórica, por serem vizinhos, mas se você pegar aqueles mesmos torcedores e os trouxer para o Brasil, provavelmente eles não vão ter confronto nenhum. É outra realidade, outro contexto”.
Perfil das ações da Copa
“Na Copa do Mundo vem gente de todo lugar do planeta, que assiste aos jogos e anda pela cidade, se desloca para conhecer pontos turísticos. O que vamos fazer é reforçar a segurança na cidade como um todo. Tem a segurança especifica, diferenciada para as autoridades e a segurança geral, principalmente para a nossa população. Nós vamos ter segurança não só para quem vem de fora, mas para o cidadão brasileiro que certamente vai viajar o país todo. É uma segurança pública reforçada, com inteligência muito bem feita, para saber quais os problemas podem ocorrer e enfrentá-los”.
Centro de Comando e Controle
“O Centro de Comando e Controle, na verdade, tem um papel fundamental de recepção de informações. É um grande equipamento que centraliza o recebimento das informações, onde estarão presentes todos os representantes dos órgãos envolvidos na segurança, para receber essas informações, interpretá-las e determinar as medidas necessárias, cabíveis para cada situação. É uma grande ferramenta tecnológica que ajuda o trabalho. O Centro é a ferramenta utilizada na integração das forças policiais. Integração é a participação dos representantes dos diversos órgãos, trabalhando juntos, harmonicamente, tomando decisões quase que colegiadas.
Apresenta-se uma determinada situação e ali, de imediato, em conjunto, a atribuição para resolver é identificada. Se for da Polícia Federal, por exemplo, a Polícia Federal assume o caso, contando com a colaboração dos demais, porque é pouco provável que aconteça uma situação em que só um órgão trabalhe. Um acidente de carro vai contar com bombeiros que entram para tirar alguém das ferragens, a Polícia Civil para fazer o inquérito, mas um dos órgãos assume o caso, porque tem a perspectiva maior de resolução do problema. Isso é a integração que queremos, que será uma mudança de paradigma na segurança pública do Brasil”.
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