Plano urbanístico da área das instalações sofre alterações.
Luiz Ernesto Magalhães
RIO - Concluída no fim do ano passado, a versão final do plano urbanístico do futuro Parque Olímpico do Rio, na Barra da Tijuca, apresenta diferenças em relação à proposta original selecionada por concurso do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB). Para cortar gastos com controle de acesso ao público e segurança, o parque ficou mais compacto na revisão feita pela Aecom (empresa que projetou o Parque de Londres) e pelo brasileiro Daniel Gusmão com a supervisão da prefeitura e do Comitê Rio 2016.
As mudanças deram destaque ao novo velódromo, que terá um telhado curvo e um projeto conceitual que é considerado o mais arrojado entre todas as instalações. O prédio, que antes ficava num ponto mais afastado do complexo, foi deslocado para a entrada do Parque Olímpico. As modificações foram autorizadas pelo Comitê Olímpico Internacional (COI), bem como os projetos arquitetônicos de todas as arenas, aos quais o O GLOBO teve acesso. A partir de amanhã, os consórcios que venceram as licitações para desenvolver os projetos se reúnem no Rio com técnicos do COI para discutir a execução.
Parque terá 15 instalações
O Parque Olímpico terá 15 instalações onde serão disputadas 14 modalidades olímpicas (incluindo tênis, natação, basquete e ciclismo) e onze paralímpicas. Parte delas serão em instalações já existentes, como o Parque Aquático Maria Lenk e a arena HSBC.
A presidente da Empresa Olímpica Municipal (EOM), Maria Silvia Bastos Marques, justifica as mudanças na concepção dos projetos. As novas arenas foram planejadas com versões para olimpíadas e para a fase de legado, quando sairão as instalações provisórias. É o caso da arena de handebol que, quando for desmontada, vai se transformar em quatro escolas municipais. Alguns dos espaços, no entanto, terão a capacidade reduzida, como o centro de tênis.
— Não interessa termos arenas que se tornem ícones na história dos Jogos Olímpicos mas que tornem os projetos mais caros. Precisamos de instalações práticas e fáceis de construir e manter. Os arquitetos devem ser criativos, sem gastar demais. A preocupação com a economia terá que ser ainda mais intensa com as instalações temporárias — disse Maria Sílvia.
Os consórcios começaram a trabalhar no detalhamento dos projetos no fim de dezembro. Os estudos, que incluem orçamentos prévios dos projetos, servirão de base para licitar as obras até junho deste ano. A previsão é que as obras sejam concluídas no início do segundo semestre de 2015.
Os consórcios são formados por escritórios de arquitetura brasileiros e estrangeiros que já têm experiência em arenas esportivas. Alguns projetos também têm a participação de empresas especializadas em projetos sustentáveis. A meta é buscar a certificação americana “leed gold”, a segunda mais elevada da escala com quatro graduações.
A alemã GMP-Architekten lidera os consórcios dos projetos do centro de tênis, que será em forma de arena, e do novo parque aquático. No portfólio, traz o projeto da reforma do Estádio Olímpico de Berlim para a Copa do Mundo de 2004, o estádio de Cape Town da África do Sul para a Copa de 2010, entre outros. No Brasil, participa dos consórcios responsáveis por preparar três estádios da Copa do Mundo de 2014, incluindo a Arena da Amazônia.
Simulações em computador
O departamento de comunicação da empresa optou por responder ao pedido de entrevista por e-mail. “Os dois projetos para 2016 são ambiciosos e fascinantes. Cada um com a sua característica. Os projetos serão desenvolvidos principalmente com parceiros do Rio, mas também colaboradores de São Paulo e Belo Horizonte. Nossa filosofia de trabalho é promover uma sinergia criativa entre especialistas brasileiros e internacionais”, explicou em um trecho da resposta.
A britânica Arup, que tem na lista de obras o estádio olímpico chinês Ninho de Pássaro, integra os consórcios responsáveis por dois projetos: o novo velódromo e um conjunto de três galpões de competições que, após os Jogos Olímpicos, serão convertidos num centro de treinamento para atletas de elite.
Parceiros da Arup, os arquitetos João Luiz Casagrande e Celso Girafa, avaliam que o velódromo será a instalação esportiva de planejamento mais complexo do parque.
— Teremos de 18 a 22 pessoas trabalhando em tempo integral. Até chegarmos ao projeto final, faremos várias simulações da cobertura em computador — disse João.
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