Blatter confirma Valcke como interlocutor para Copa 2014.
No auge da crise com a Fifa, governo brasileiro tinha dito que não aceitaria mais dialogar com secretário-geral.
RIO - A Fifa divulgou nota nesta segunda-feira em que o presidente da entidade, Joseph Blatter, declara manter o secretário-geral, Jérôme Valcke, como interlocutor do governo brasileiro na preparação para a Copa do Mundo de 2014. "Não há nenhum problema entre o presidente da Fifa e o secretário-geral da entidade. Jérôme Valcke continua com todas as suas atividades na secretaria-geral, incluindo a preparação para a Copa do Mundo de 2014 no Brasil", diz o texto assinado por Blatter.
No auge da crise de relacionamento entre a Fifa e o governo brasileiro, no início de março, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, chegou a dizer que não aceitaria mais Valcke como interlocutor. o secretário da presidência para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, chegou a chamar Valcke de “vagabundo”. As reações raivosas foram respostas à declaração do secretário-geral de que o Brasil precisava de um ‘chute no traseiro’ para acelerar as obras para o Mundial.
Valcke pediu desculpas pela frase, alegando ter sido vítima de um erro de tradução. Em seguida, Blatter também se desculpou e pediu para ser recebido em audiência pela presidente Dilma Rousseff. O encontro aconteceu em Brasília na sexta-feira passada, e dele participaram também Pelé, embaixador da Copa de 2014, e Ronaldo, membro do Comitê Organizador Local (COL) do Mundial. Ao sair da reunião no Palácio do Planalto, o dirigente foi evasivo quando perguntado se manteria Valcke como o representante da Fifa nas negociações com o Brasil e na preparação para a Copa. Nesta segunda, porém, com a nota oficial, Blatter elimina qualquer dúvida sobre o assunto.
Relações andaram tensas entre governo e Fifa
A frase infeliz de Jérôme Valcke detonou uma crise de duas semanas que só foi abrandada na véspera da reunião entre Dilma e Blatter. Um acerto feito num jantar entre o dirigente e o ministro Aldo Rebelo - de que governo e Fifa deveriam deixar a agenda negativa e agir em sintonia - garantiu o clima de reconciliação. A saída de Ricardo Teixeira da presidência da CBF e do (COL) também ajudou a melhorar a relação do país com a Fifa. Teixeira, que ficou 23 anos no poder, não mantinha boas relações nos últimos meses nem com Dilma nem com Blatter.
O encontro da presidente da república com o dirigente da Fifa foi um sinal da disposição dos dois lados de recomeçar o relacionamento. Durante a semana passada o governo se preocupou em reforçar o compromisso firmado pelo Brasil com a Fifa que assegura a venda de bebidas alcoólicas nos estádios na Copa. Em nota oficial, o Ministério do Esporte garantia que “não existem nem existirão restrições legais ou proibições sobre a venda, publicidade ou distribuição de produtos das afiliadas comerciais, inclusive alimentos e bebidas, nos estádios ou em outros locais durante as competições”. O Ministério ressaltava ainda que o governo se comprometera em aprovar “todas as leis, portarias, decretos e outros regulamentos especiais necessários para o cumprimento desta garantia, com maior brevidade possível” e “ independentemente de qualquer mudança no governo do Brasil ou em seus representantes”. A nota lembrava que a garantia fora assinada pelo ex- presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 15 de junho de 2007.
O que foi aprovado na comissão especial
Nesta segunda-feira Aldo Rebelo voltou a garantir que o Brasil aprovará a venda de bebidas alcoólicas nos estádios e cumprirá tudo o que acertou com a Fifa. Há expectativa de que a Lei Geral da Copa seja votada no Plenário da Câmara ainda nesta semana, mas para isso acontecer o governo terá que controlar a rebeldia de sua própria base aliada na Casa.
- Tratamos da tramitação da Lei Geral da Copa atualmente na Câmara dos Deputados. Passamos e repassamos todos os compromissos e termos aditivos assumidos no governo do (ex-) presidente Lula, como país sede. Compromissos que foram assinados também pelos países que antecederam o Brasil, compromissos que já estão assinados pelos que sucederão o Brasil - Rússia e Qatar. Compromissos que o governo brasileiro honrará - disse o ministro (clique e leia mais).
Na comissão especial sobre Lei Geral da Copa, o texto-base foi aprovado neste mês de março por 15 votos a 9. A aprovação aconteceu cinco dias após o secretário-geral da Fifa, o francês Jérôme Valcke, ter dito que o Brasil precisava de um pontapé no traseiro para acelerar os assuntos relativos ao Mundial. No texto-base foi garantida a aprovação do ponto mais polêmico, exatamente o da venda de bebidas alcoólicas nos jogos da Copa das Confederações, em 2013, e da Copa do Mundo, em 2014.
No fim de fevereiro o texto-base já tinha passado pela comissão, mas a sessão foi anulada porque coincidiu com a Ordem do Dia no Plenário, o que é proibido pelo regimento interno da Câmara. O texto então foi votado e aprovado novamente no dia 7 de março.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/esportes/blatter-confirma-valcke-como-interlocutor-para-copa-2014-4355427#ixzz1pcv08cpJ
Nenhum comentário:
Postar um comentário