Valcke revelou que a Fifa teve uma participação muito importante na organização da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o que teve repercussões sobre as relações com o Brasil no início.
Valcke brinca e diz: 'Agora, somos a 'Fifa-Samba'".
Foto: Nelson Almeida/ AFP
São Paulo - secretário-geral da
Fifa, o francês Jérôme Valcke, declarou nesta sexta-feira numa mesa redonda com
agências internacionais de notícias que a entidade passou a ser "mais flexível"
com o Brasil em relação aos preparativos da Copa do Mundo de 2014 e da Copa das
Confederações e chamou até a entidade de "Fifa-Samba".
A polêmica do "chute no
traseiro"
Há alguns meses, Valcke causou uma grande polêmica ao declarar que o Brasil
"precisava de um chute no traseiro para avançar nos preparativos da Copa de
2014". Nesta sexta-feira, o francês voltou a comentar o episódio. "Minha
palavras desencadearam uma guerra sem sentido. De acordo com alguns veículos de
imprensa, eu deveria ter renunciado ao cargo. Levou bastante tempo para que isso
fosse digerido, para que as pessoas pudessem reconhecer que o que falei em
francês não tem um peso tão forte quanto foi percebido no Brasil. Durante um
momento, cheguei a ser 'persona non grata' no país, mas acabamos sentando juntos
numa mesa e nos abraçamos depois da reunião. Agora, temos um objetivo muito
maior do que todas estas polêmicas. Se estou usando um tom mais otimista hoje, é
porque o trabalho foi feito em 2012. Se não fosse o caso, teria adotado um tom
negativo, como dez meses atrás", completou.
"Fifa-Samba"
Valcke revelou que a Fifa teve uma participação muito importante na
organização da Copa do Mundo de 2010, na África do Sul, o que teve repercussões
sobre as relações com o Brasil no início.
"Na África do Sul, era um trabalho de cada dia, tivemos que organizar tudo de
A a Z. Já na Alemanha, em 2006, os organizadores eram muito mais independentes e
precisavam apenas de alguns conselhos. Quando chegamos no Brasil, dissemos 'a
Copa é com a gente'. Só que os brasileiros responderam 'não, futebol é com a
gente mesmo, sabemos como organizar os jogos'. No início, falamos para eles:
'Nós somos da Suíça (a sede da entidade fica em Zurique), os trens têm que
chegar às 09h00, não às 09h01'. Desde então, passamos a ser "Fifa-Samba', somos
mais flexíveis.
Aprender com erros da África do
Sul
Valcke revelou que "para o jogo de abertura da Copa de 2010, as pessoas
chegaram depois da cerimônia de abertura, às vezes depois do pontapé inicial. É
o tipo de coisas que temos que evitar, é preciso ter mais coordenação",
explicou. "Na Copa do Mundo, os jogadores precisam ter o melhor. Os melhores
transportes, as melhores escoltas de polícia... No entanto, também temos que dar
importância aos torcedores, que economizam durante muito tempo para comprar os
ingressos, apoiam as equipes e deixam o ambiente animado. Sem eles, não teria
graça nenhuma. Temos que protegê-los e organizar a competição num país do
tamanho do Brasil, é um grande desafio. São Paulo está no caminho certo, com um
trem que leva do centro da cidade (da estação da Luz) até o estádio (no bairro
de Itaquera, na zona leste de São Paulo) em 19 minutos.
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