Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
Cronograma da reforma da Arena da Baixada (Curitiba) teve de ser alterado por
falta do dinheiro
ANDAMENTO DOS EMPRÉSTIMOS
Estádio | Valor já liberado pelo BNDES |
Itaquerão (São Paulo) | Zero |
Arena da Baixada (Curitiba) | Zero |
Beira-Rio (Porto Alegre) | Zero |
Mineirão (Belo Horizonte) | R$ 200 millhões |
Arena Pernambuco (Recife) | R$ 156 millhões |
Maracanã (Rio de Janeiro) | R$ 80 millhões |
Arena das Dunas (Natal) | R$ 79 millhões |
Castelão (Fortaleza) | R$ 175 millhões |
Fonte Nova (Salvador) | R$ 178 millhões |
Arena Amazônia (Manaus) | R$ 89 millhões |
Arena Pantanal (Cuiabá) | R$ 79 millhões |
Estádio Nacional (Brasília) | Não solicitou empréstimo |
- Fonte: Ministério do Esporte (maio/2012)
Coincidentemente, as três arenas são as únicas da Copa de 2014 completamente
privadas. Por esse motivo, o repasse direto de dinheiro de governos estaduais ou
municipais para os estádios é menor do que em outras obras para o Mundial.
Assim, sem o dinheiro do BNDES e sem o apoio direto com dinheiro público,
construtoras e clubes precisam manobrar para manter o andamento dos projetos. Em
alguns casos, foi necessário até uma alteração nos cronogramas de adequação dos
estádios por causa da falta de dinheiro.
Isso foi o que aconteceu, por exemplo, na obra da Arena da Baixada. A reforma
começou em dezembro do ano passado e deveria terminar em março de 2013, mês do
aniversário do Atlético-PR (dono do estádio) e da cidade de Curitiba. Sem
dinheiro, a obra já ficou para junho.
De acordo com o Atlético-PR, a dificuldade do clube para cumprir todas as
exigências do BNDES para o empréstimo prejudicou o andamento da obra.
Preocupado, o governo local teve que intervir. Estado e prefeitura investiram R$
30,4 milhões no estádio e assumiram a responsabilidade pelo pagamento do
crédito.
O BNDES deve repassar R$ 134,6 milhões para a reforma da Arena da Baixada. A
obra custará R$ 234 milhões.
No caso do Itaquerão, a construção toda deve custar R$ 890 milhões (R$ 820
milhões do estádio, mais R$ 70 milhões dos assentos temporários). Desse total,
R$ 400 milhões serão cobertos por um empréstimo do BNDES, que ainda não teve
nenhum centavo liberado.
Sem o crédito, a construtora Odebrecht, responsável pela obra, precisou pedir
adiantamentos do recurso a outros bancos, os chamados empréstimos pontes. O
Banco do Brasil já emprestou R$ 150 milhões à empreiteira, e o Santander, R$ 100
milhões. Por esses empréstimos, os bancos cobrarão juros e isso acabará embutido
no custo da obra.
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Já a reforma do Beira-Rio atrasou justamente porque Internacional, Andrade
Gutierrez e governo do Rio Grande do Sul demoraram para montar a estrutura
financeira necessária para conseguir o crédito do BNDES. Após meses de obra
parada, o problema foi resolvido. Entretanto, o empréstimo R$ 235 milhões para a
reforma do estádio ainda está em análise no banco. A reforma para a Copa está
orçada em R$ 330 milhões.
O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, reconhece que a liberação dos
empréstimos no banco leva um tempo considerável. Segundo ele, o BNDES precisa
analisar várias condições de seus clientes e cumprir uma série de exigências
legais para fazer suas operações.
Coutinho afirmou ainda que, no caso de empréstimos para obras privadas, isso
leva ainda mais tempo. “As obras privadas têm uma estrutura financeira mais
complexa, que demanda mais tempo para ser analisada”, disse ele, durante
entrevista coletiva, na semana passada.
Só a título de comparação, todos os empréstimos a estádios públicos ou
construídos em parcerias público-privadas (PPPs) para a Copa já foram aprovados
pelo BNDES. Ao todo, mais de R$ 1 bilhão já foi desembolsado pelo banco por meio
da linha BNDES ProCopa Arenas, criada em 2010 justamente para apoiar as obras
dos estádios do Mundial.
Coutinho afirmou, entretanto, que os três empréstimos para arenas da Copa
ainda não liberados cumprem as principais exigências do BNDES. Os recursos não
foram repassados porque detalhes da operação ainda passam por estudo mais
criterioso.
“Os empréstimos foram enquadrados. Só precisamos terminar uma análise mais
específica para que os recursos saiam”, explicou. “O importante é que as obras
estão andando”, completou.
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